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Resumos

No presente artigo procuramos apresentar uma possibilidade de leitura das políticas públicas de esporte e lazer no Brasil, amparados nos 😊 pressupostos teórico-metodológicos da sociologia reflexiva dos campos de Pierre Bourdieu.

Mais especificamente, esse encaminhamento se dará por via da apropriação de 😊 alguns conceitos bourdieusianos como noções operatórias de análise, quais sejam: campo, habitus e capital.

Deste modo, a discussão se desenvolve no 😊 sentido de demonstrar a importância de fundamentar uma agenda de pesquisas para área que contemple conjunta e relacionalmente tanto a 😊 filosofia da estrutura social quanto a filosofia das experiências primeiras dos agentes.

En este artículo se presenta una posibilidad de lectura 😊 de las políticas públicas para el deporte y el ocio en Brasil, con el apoyo en el campo teórico y 😊 metodológico de la sociología reflexiva de Pierre Bourdieu.

Más concretamente, las referencias se harán através de la apropriación de algunos conceptos 😊 y nociones operativas de análisis de Bourdieu, que son: campo, habitus y capital.

Así, la discusión se desarrolla con el fin 😊 de demostrar la importancia de basar un programa de investigación para el área común, que incluye tanto relacional y la 😊 filosofía de la estructura social y la filosofía de las primeras experiencias de los agentes.

ARTIGOS DE REVISÃO

Políticas públicas de esporte 😊 e lazer no Brasil: uma argumentação inicial sobre a importância da utilização da Teoria dos Campos de Pierre Bourdieu

Public policies 😊 for sport and leisure in Brazil: an argument about the importance of initial use of the Theory of Fields of 😊 Pierre Bourdieu

Políticas públicas para deporte y ocio en Brasil: un argumento inicial sobre la importancia del uso de la Teoría 😊 de Campos de Pierre BourdieuDr.

Fernando Augusto StarepravoI; Ms.

Juliano de SouzaII; Dr.

Wanderley Marchi JúniorIII

IDepartamento de Educação Física, Universidade Estadual de Maringá 😊 (Maringá - Paraná - Brasil).E-mail: fernando.starepravohotmail.com

IIDepartamento de Educação Física, Universidade Federal do Paraná (Curitiba - Paraná - Brasil).

E-mail: julianoedfyahoo.com.br

IIIDepartamento de 😊 Educação Física, Universidade Federal do Paraná (Curitiba - Paraná - Brasil).

E-mail: marchijrufpr.brRESUMO

No presente artigo procuramos apresentar uma possibilidade de leitura 😊 das políticas públicas de esporte e lazer no Brasil, amparados nos pressupostos teórico-metodológicos da sociologia reflexiva dos campos de Pierre 😊 Bourdieu.

Mais especificamente, esse encaminhamento se dará por via da apropriação de alguns conceitos bourdieusianos como noções operatórias de análise, quais 😊 sejam: campo, habitus e capital.

Deste modo, a discussão se desenvolve no sentido de demonstrar a importância de fundamentar uma agenda 😊 de pesquisas para área que contemple conjunta e relacionalmente tanto a filosofia da estrutura social quanto a filosofia das experiências 😊 primeiras dos agentes.

Palavras chave: Políticas públicas; esporte e lazer; Teoria dos Campos; Pierre Bourdieu.

ABSTRACT

In this article we present a possibility 😊 of reading of public policy for sport and leisure in Brazil, supported in the theoretical and methodological field of reflexive 😊 sociology of Pierre Bourdieu.

More specifically, the referrals will be made by way of appropriation of some concepts and notions Bourdieusian 😊 operative analysis, which are: field, habitus and capital.

Thus, the discussion is developed in order to demonstrate the importance of basing 😊 a research agenda for the joint area that includes both relationally and the philosophy of social structure and the philosophy 😊 of the experiences first of the agents.

Keywords: Public policy; sport and leisure; Theory of Fields, Pierre Bourdieu.

RESUMEN

En este artículo se 😊 presenta una posibilidad de lectura de las políticas públicas para el deporte y el ocio en Brasil, con el apoyo 😊 en el campo teórico y metodológico de la sociología reflexiva de Pierre Bourdieu.

Más concretamente, las referencias se harán através de 😊 la apropriación de algunos conceptos y nociones operativas de análisis de Bourdieu, que son: campo, habitus y capital.

Así, la discusión 😊 se desarrolla con el fin de demostrar la importancia de basar un programa de investigación para el área común, que 😊 incluye tanto relacional y la filosofía de la estructura social y la filosofía de las primeras experiencias de los agentes.

Palabras 😊 clave: Políticas Públicas; deporte y el ocio; Teoría de Campos, Pierre Bourdieu.

INTRODUÇÃO

O mapeamento da produção científica sobre políticas públicas de 😊 esporte e lazer no Brasil é um dos objetos de pesquisa que vem sendo priorizado e sistematizado em nossa trajetória 😊 acadêmica.

Na construção desse percurso, nossas primeiras constatações indicavam que a produção de conhecimento na área de políticas públicas para o 😊 esporte e lazer estava quase que exclusivamente voltada ao relato de experiências (STAREPRAVO, 2007; STAREPRAVO; MEZZADRI, 2007).

Essa exposição empírica, por 😊 cassino braze vez, não se trata de uma condição exclusiva da área de políticas públicas de esporte e lazer.

Segundo Melo (1999), 😊 a própria área de políticas públicas no Brasil se caracteriza por uma baixa capacidade de acumulação do conhecimento, fruto da 😊 proliferação horizontal de estudos de caso e da ausência de uma agenda de pesquisa.

Arretche (2003), por cassino braze vez, aponta que, 😊 enquanto os objetos de análise da área - a ação estatal, o estudo de programas governamentais bem como suas condições 😊 de emergência, mecanismos de operação e prováveis impactos - estão bem definidos, as abordagens teóricas e os métodos de investigação 😊 têm recebido uma atenção reduzida por parte dos estudiosos.

Mais recentemente, tendo como parâmetro as publicações do Grupo de Trabalho Temático 😊 de Políticas Públicas no XV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte realizado na cidade de Recife, em setembro de 2007, 😊 pudemos perceber um redimensionamento do panorama delineado.

Como traço comum aos trabalhos apresentados, podemos dizer que: 1) a maioria dos artigos 😊 é parte de trabalhos em andamento; 2) superada uma fase de relato de experiências de gestores na área, passamos a 😊 ter o predomínio de exposições empíricas, com procedimentos metodológicos bem definidos, mas que, porém, não apresentam um diálogo consistente com 😊 a literatura; 3) nos trabalhos que apresentam uma maior consistência teórica, os autores adotam uma postura de crítica ao neoliberalismo, 😊 entendendo que este modelo, em função dos interesses do capital, leva o estado a intervir cada vez menos no âmbito 😊 social, repassando esta função a setores organizados da sociedade civil (STAREPRAVO; NUNES; MARCHI JR., 2009).

Em termos de orientação teórica, essa 😊 se desenvolve no sentido de possibilitar prioritariamente o entendimento da macro-estrutura econômica e social, a fim de compreender as ações 😊 no interior dos programas analisados, bem como suas funções e objetivos.

Nestes casos, a apresentação dos dados empíricos das pesquisas fica 😊 em segundo plano.

A abordagem marxista nesta condição é predominante e a contingência dos processos políticos é desconsiderada (STAREPRAVO; NUNES; MARCHI 😊 JR., 2009).

Diante desse quadro ligeiramente evocado e na tentativa de ampliá-lo, procuramos apresentar neste artigo uma possibilidade de leitura das 😊 políticas públicas de esporte e lazer, amparados nos pressupostos teórico-metodológicos da sociologia reflexiva dos campos de Pierre Bourdieu.

Mais especificamente, esse 😊 encaminhamento se dará por via da apropriação de alguns conceitos bourdieusianos como noções operatórias de análise, quais sejam: campo, habitus 😊 e capital.

A propósito, essa filosofia, condensada em um pequeno número de conceitos fundamentais, tem como ponto central a relação de 😊 complementaridade estabelecida entre as estruturas objetivas (dos campos sociais) e as estruturas incorporadas (dos habitus) (BOURDIEU, 2007a).

É exatamente essa filosofia 😊 das práticas sociais expressa nessa linha teórica que apresentaremos como proposta alternativa para balizar futuros estudos na área de políticas 😊 públicas de esporte e lazer no Brasil.

Trata-se de, a partir do estado da arte das pesquisas em políticas públicas de 😊 esporte e lazer no Brasil, apontar lacunas e fragilidades, e propor uma alternativa inicial de leitura da realidade social a 😊 partir dos pressupostos de Pierre Bourdieu.

Nesse sentido, entende-se que o fenômeno social das políticas públicas de esporte e lazer, bem 😊 como seu tratamento científico por parte dos pesquisadores, estão ontologicamente imbricados, o que nos faz remeter, no decorrer do texto, 😊 à pratica dos políticos e gestores, bem como à pesquisa sobre o assunto.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE ESPORTE E LAZER E A 😊 TEORIA DOS CAMPOS DE PIERRE BOURDIEU

Um dos principais desafios das Ciências Sociais, segundo Bourdieu, seria estudar a constituição e os 😊 mecanismos que perpetuam as formas de dominação das desigualdades sociais, bem como torná-las mais transparentes e de fácil compreensão por 😊 parte das pessoas.

Daí o papel dos pesquisadores em efetivar a análise das posições relativas e das relações objetivas expressas na 😊 sociedade.

Posições e relações estas que se estabelecem a partir de trocas simbólicas de manutenção e de reconhecimento das distâncias sociais, 😊 as quais, por cassino braze vez, são determinadas pela concorrência e apropriação de bens através do acúmulo de capital econômico, social, 😊 cultural, entre outros.

Para tal empreendimento, Bourdieu inscreve seus pressupostos teóricos em um modelo de análise que envolve agentes sociais, estruturas 😊 e disposições.

Em síntese, seu modelo oferece categorias interpretativas da realidade, desenvolvidas em outras áreas de conhecimento e que são cabíveis 😊 para análise das questões que permeiam a discussão do esporte (MARCHI JR.

, 2001), assim como das políticas públicas.

Um primeiro aspecto 😊 metodológico central a ser recuperado da análise bourdieusiana, é que para se compreender devidamente o sentido e funcionamento dos mais 😊 distintos campos - a primeira noção sobre a qual iremos nos debruçar - se faz necessário entender as relações entre 😊 as posições ocupadas pelos agentes e as disposições.

Em "Os usos sociais da ciência", Bourdieu (2004c) situa, a partir de uma 😊 discussão sobre as condições sociais da produção do conhecimento, de forma bastante didática, entre quais mediações teóricas se localiza a 😊 noção de campo.

Para isso, apresenta duas formas de entendimento das produções culturais, para na sequência introduzir a dimensão do campo 😊 na discussão.

Uma primeira forma de apreciação das obras culturais é retratada nas palavras do autor:

Grosso modo, há, de um lado, 😊 os que sustentam que, para compreender a literatura ou a filosofia, basta ler os textos.

Para os defensores desse fetichismo do 😊 texto autonomizado que floresceu na França com a semiologia e que refloresce hoje em todos os lugares do mundo com 😊 o que se chama de pós-modernismo, o texto é o alfa e o ômega e nada mais há para ser 😊 conhecido, quer se trate de um texto filosófico, de um código jurídico ou de um poema, a não ser a 😊 letra do texto (BOURDIEU, 2004c, p.19).

Em oposição, outra corrente tem como premissa que o entendimento das produções culturais está subordinado 😊 à compreensão das condições macroestruturais da sociedade, uma tradição que, enfim, "frequentemente representada por pessoas que se filiam ao marxismo, 😊 quer relacionar o texto ao contexto e propõe-se a interpretar as obras colocando-as em relação com o mundo social ou 😊 o mundo econômico" (BOURDIEU, 2004c, p.19).

Bourdieu parece não compartilhar com nenhuma das duas vertentes, e como alternativa apresenta a noção 😊 de campo:

É para escapar a essa alternativa que elaborei a noção de campo.

É uma ideia extremamente simples, cuja função negativa 😊 é bastante evidente.

Digo que para compreender uma produção cultural (literatura, ciências, etc.

) não basta referir-se ao conteúdo textual dessa produção, 😊 tampouco referir-se ao contexto social contentando-se em estabelecer uma relação direta entre o texto e o contexto (BOURDIEU, 2004c, p.20).

Amparados 😊 nessas constatações de Bourdieu, podemos dizer que as análises de políticas públicas de esporte e lazer que se constituem como 😊 relatos de experiências, bem como as que privilegiam os efeitos da macroestrutura econômica e social sobre as políticas, não nos 😊 satisfazem na explicação do referido fenômeno.

Existe um espaço intermediário, chamado de campo (nesse caso subcampo das políticas públicas de esporte 😊 e lazer), que deve ser mais bem interpretado, tanto na cassino braze dinâmica interna, sob a lógica do Estado, como na 😊 cassino braze relação com o restante da sociedade.

Além disso, a relação direta entre texto e contexto provoca aquilo que Bourdieu (2004c, 😊 p.

20) chama de "erro do curto-circuito", isto é, um[...

] erro que consiste em relacionar uma obra musical ou um poema 😊 simbolista com as greves de Anzim, como fazem certos historiadores da arte ou da literatura.

Minha hipótese consiste em supor que, 😊 entre este dois pólos, muito distanciados, entre os quais se supõe, um pouco imprudentemente, que a ligação possa se fazer, 😊 existe um universo intermediário que chamo o campo literário, artístico, jurídico ou científico, isto é, o universo no qual estão 😊 inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência.

Este é um 😊 mundo social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas.

Por mais que não se possam 😊 desconsiderar as condições macroestruturais da sociedade, a forma com que as mesmas refletirão em determinada questão social dependerá, em última 😊 instância, da dinâmica própria do campo em questão, que goza de certa autonomia e leis próprias de funcionamento.

Nas palavras de 😊 Bourdieu (2004c, p.20-21):

A noção de campo está aí para designar esse espaço relativamente autônomo, esse microcosmo dotado de suas leis 😊 próprias.

Se, como o macrocosmo, ele é submetido a leis sociais, essas não são as mesmas.

Se jamais escapa às imposições do 😊 macrocosmo, ele dispõe, com relação a este, de uma autonomia parcial mais ou menos acentuada.

E uma das questões que surgirão 😊 a propósito dos campos (ou subcampos) científicos será precisamente acerca do grau de autonomia que eles usufruem.

A questão da autonomia 😊 do campo diz respeito à capacidade de determinado espaço social ressignificar as pressões externas, de acordo com a dinâmica própria 😊 daquele espaço, ou seja, de modo a se depreender "quais são os mecanismos que o microcosmo aciona para se libertar 😊 dessas imposições externas e ter condições de reconhecer apenas suas próprias determinações internas" (BOURDIEU, 2004c, p.21).

Essas pressões externas sobre o 😊 subcampo das políticas públicas de esporte e lazer no Brasil, se efetivam especialmente por intermédio de questões econômicas (com as 😊 apontadas por VERONEZ, 2005), político partidárias (CAVICHIOLLI, 1996), das funções utilitaristas e assistencialistas atribuídas ao esporte e lazer (LINHALES, 2001), 😊 ou como recurso para dissimular ou resolver mazelas sociais, como fome, desemprego e violência (MASCARENHAS, 2006).

As pressões externas, independente de 😊 cassino braze natureza, só se exercem por intermédio do campo, são mediadas pela lógica do campo e muito dificilmente atingirão os 😊 vários espaços sociais de forma homogênea.

As determinações externas invocadas pelos marxistas - por exemplo, o efeito das crises econômicas, das 😊 transformações, técnicas ou das revoluções políticas - só podem exercer-se pela intermediação das transformações da estrutura do campo resultantes delas.

O 😊 campo exerce um efeito de refração (como um prisma): portanto, apenas conhecendo as leis específicas de seu funcionamento (seu "coeficiente 😊 de refração", isto é, seu grau de autonomia) é que se pode compreender as mudanças nas relações entre escritores, entre 😊 defensores dos diferentes gêneros (poesia, romance e teatro, por exemplo) ou entre diferentes concepções artísticas (a arte pela arte e 😊 a arte social, por exemplo), que aparecem, por exemplo, por ocasião de uma mudança de regime político ou de uma 😊 crise econômica (BOURDIEU, 2007d, p.61).

Essa autonomia do campo, segundo Bourdieu (2004c, p.

22), pode então ser verificada através da capacidade de 😊 refratar, re-traduzindo sob uma forma específica as pressões e demandas externas:

Dizemos que quanto mais autônomo for um campo, maior será 😊 o seu poder de refração e mais as imposições externas serão transfiguradas, a ponto, freqüentemente, de se tornarem perfeitamente irreconhecíveis.[...

] 😊 Inversamente, a heteronomia de um campo manifesta-se, essencialmente, pelo fato de que os problemas exteriores, em especial os problemas políticos, 😊 aí se exprimem diretamente.

No caso das políticas públicas de esporte e lazer, tem-se a impressão que o subcampo onde se 😊 formula e se implementam as políticas é marcado por uma grande heteronomia, uma vez que as coações externas são constantes 😊 em seu funcionamento.

Tal abertura, por cassino braze vez, abre espaço para que o esporte seja usado como moeda de troca eleitoral, 😊 com um tom salvacionista (LINHALES, 2001), ou exclusivamente sob a ótica do esporte de alto rendimento (VERONEZ, 2005).

Essa constatação, por 😊 cassino braze vez, poderia conduzir a uma visão pessimista em relação às políticas públicas de esporte e lazer.

Porém, tem-se que pensar 😊 a dimensão dos agentes na constituição do campo: "os agentes - por exemplo, as empresas no caso do campo econômico 😊 - criam o espaço, e o espaço só existe (de alguma maneira) pelos agentes e pelas relações objetivas entre os 😊 agentes que aí se encontram" (BOURDIEU, 2004c, p.23).

Ou seja, o campo não é algo estático ou estabelecido a priori, é 😊 dinâmico e está em constante transformação e movimento, principalmente pela ação dos agentes.

O subcampo das políticas públicas de esporte e 😊 lazer, nesse sentido, não pode ser encarado como imutável e estático, foco de constantes críticas de autores que estudam a 😊 área.

Poderá ser foco de mudanças, especialmente pela ação dos agentes.

Há uma relação constante e dialética entre a pressão do campo 😊 e a ação dos agentes:

Essa estrutura não é imutável e a topologia que descreve um estado de posições sociais permite 😊 fundar uma análise dinâmica da conservação e da transformação da estrutura da distribuição das propriedades ativas e, assim, do espaço 😊 social.

É isso que acredito expressar quando descrevo o espaço social global como um campo, isto é, ao mesmo tempo, como 😊 um campo de forças, cuja necessidade se impõe aos agentes que nele se encontram envolvidos, e como um campo de 😊 lutas, no interior do qual os agentes se enfrentam, com meios e fins diferenciados conforme cassino braze posição na estrutura do 😊 campo de forças, contribuindo assim para a conservação ou a transformação de cassino braze estrutura (BOURDIEU, 2007c, p.50).

A ação dos agentes 😊 e a estrutura da relação entre os mesmos estão diretamente relacionadas à posição que cada um dos agentes assume no 😊 interior do espaço social.

Por conseguinte, a posição e consequente peso de cada agente (indivíduo ou instituição) no campo está relacionada 😊 ao volume de seu capital, que pode assumir várias formas.

De acordo com o peso relativo do agente no campo, teremos 😊 a amplitude da pressão estrutural do campo exercida sobre ele.

Quanto mais frágil o agente na composição do campo, maior será 😊 a influência estrutural do espaço sobre o mesmo; de forma contrária, quanto maior o peso do agente, mais autonomia este 😊 desfruta.

Cabe refletir qual tipo de capital é hoje mais relevante para os agentes no interior do subcampo das políticas públicas 😊 de esporte e lazer.

Se, em outros momentos históricos, pensar políticas públicas de esporte e lazer era algo relegado a leigos, 😊 especialmente pela indicação de cargos a partir de critérios político-partidários, gradualmente os especialistas vêm ocupando esse espaço.

Pode ser um indício 😊 de que o capital político perde um pouco o peso no interior do subcampo frente ao capital cultural específico.

As estratégias 😊 dos agentes e das instituições que estão envolvidos nas lutas [...

], isto é, suas tomadas de posição [...

], dependem da 😊 posição que eles ocupem na estrutura do campo, isto é, na distribuição do capital simbólico específico, institucionalizado ou não (reconhecimento 😊 interno ou notoriedade externa), e que, através da mediação das disposições constitutivas de seus habitus (relativamente autônomo em relação à 😊 posição), inclina-os seja a conservar seja a transformar a estrutura desta distribuição, logo, a perpetuar as regras do jogo ou 😊 a subvertê-las.

(BOURDIEU, 2007d, p.63-64).

Essa passagem adiciona à discussão o entendimento de que a posição dos agentes está relacionada à distribuição 😊 do capital simbólico específico daquele campo.

Em outras palavras, isso indica que a concentração de capital de um tipo específico pelo 😊 agente singular é o que determinará o lugar, no contínuo entre o polo dominante e dominado, ocupado pelo mesmo.

Além disso, 😊 o habitus inerente aquele campo intermediará o agir dos agentes, inclinando-o a tomadas de posição conservadoras ou transformadoras, em função 😊 da posição ocupada.

Pode-se observar no interior do subcampo das políticas públicas de esporte e lazer, disputas constantes entre agentes estabelecidos 😊 e recém chegados, que galgam posições e tomam decisões de acordo com cassino braze origem e posição.

A constituição desses habitus, das 😊 formas de disputa legítimas, e maneiras de agir dos agentes, por cassino braze vez, estão relacionadas à história do campo:

Mas essas 😊 estratégias, através dos alvos das lutas entre os dominantes e os pretendentes, as questões a propósito das quais eles se 😊 enfrentam, também dependem do estado da problemática legítima, isto é, do espaço de possibilidades herdado de lutas anteriores, que tende 😊 a definir o espaço de tomadas de posição possíveis e a orientar assim a busca de soluções e, em consequência, 😊 a evolução de produção.

(BOURDIEU, 2007d, p.64).

Importante ressaltar que as pessoas que constituem o campo são tratadas não apenas como um 😊 número no interior de um espectro maior, como uma classe social, por exemplo.

Cada um dos gestores, políticos, esportistas, técnicos, pesquisadores 😊 são únicos e se movem em direções específicas, normalmente em situação ativa no jogo social.

Bourdieu trata-as como agentes ativos na 😊 constituição e desenvolvimento do campo.

Portanto, e segundo a matriz teórica recuperada nesse artigo, é importante conduzir uma pesquisa compreendendo a 😊 lógica e as leis de funcionamento do campo, bem como considerar que os agentes ativos no processo são capazes de 😊 ressignificar e atuar de forma a legitimar ou modificar a estrutura daquele espaço social.

Dito de outro modo, o que o 😊 pesquisador, impreterivelmente, deve se preocupar em recuperar mediante cassino braze análise é as regras, bem como o papel de cada agente 😊 no "jogo".

As regras do espaço social estão estabelecidas a priori.

Não obstante, os agentes por conta de suas propriedades - acúmulo 😊 de capital, experiências, posição relativa - podem agir das mais diferentes formas.

Exemplo prático dessa relação entre a estrutura social e 😊 a posição ativa dos agentes pode ser observado nas Conferências Nacionais de Esporte, onde agentes, com interesses e posições distintas 😊 no subcampo, movem-se e tomam decisões sob diferentes pontos de vista, que ao final do processo, dão uma perspectiva de 😊 nova conformação do espaço social.

A posição passiva dos agentes em relação às estruturas neste caso é descartada:

Onde todo mundo falava 😊 de "regras", de "modelo", de "estrutura", quase indiferentemente, colocando-se num ponto de vista objetivista, o de Deus Pai olhando os 😊 atores sociais como marionetes cujos fios seriam as estruturas, hoje todo mundo fala de estratégias matrimoniais (o que implica situar-se 😊 no ponto de vista dos agentes, sem por isso transformá-los em calculadores racionais) (BOURDIEU, 2004a, p.21).

Mais do que a obediência 😊 às regras, ou ações orquestradas pelo inconsciente, o agir dos agentes está diretamente relacionado ao senso de jogo, e a 😊 natureza socialmente construída, sob a qual Bourdieu constrói o conceito de habitus.

Entende-se habitus como[...

] um sistema de disposições adquiridas pela 😊 aprendizagem implícita ou explicita que funciona como um sistema de esquemas geradores e gerador de estratégias que podem ser objetivamente 😊 afins dos interesses objetivos de seus autores sem terem sido expressamente concebidas para este fim (BOURDIEU, 1983, p.94).

Habitus é algo 😊 adquirido, ligado à história individual e coletiva, bem como ao capital adquirido.

A posição ativa dos agentes está diretamente ligada ao 😊 habitus adquirido:

Os "sujeitos" são, de fato, agentes que atuam e que sabem, dotados de um senso prático (título que dei 😊 ao livro no qual desenvolvo esta análise), de um sistema adquirido de preferências, de princípios de visão e divisão (o 😊 que comumente chamamos de gosto), de estruturas cognitivas duradouras (que são essencialmente produto da incorporação de estruturas objetivas) e de 😊 esquemas de ação que orientam a percepção da situação e a resposta adequada (BOURDIEU, 2007c, p.42).

Para jogar o jogo das 😊 políticas públicas de esporte e lazer tem-se que incorporar uma série de disposições práticas, próprias do jogo, para se inserir 😊 e ser entendido como jogador.

Este é um conceito central presente já nos primeiros trabalhos de Bourdieu.

Foi construído para, entre outras 😊 coisas, dar conta da dicotomia entre indivíduo e sociedade.

"O exemplo mais típico é a oposição, absolutamente absurda em termos científicos, 😊 entre indivíduo e sociedade, oposição que a noção de habitus enquanto social incorporado, logo, individualizado, visa superar" (BOURDIEU, 2004a, p.45).

Além 😊 disso, produz estratégias, práticas e consumos.

Sendo produto da necessidade objetiva, o habitus, necessidade tornada virtude, produz estratégias que, embora não 😊 sejam produto de uma aspiração consciente de fins explicitamente colocados a partir de um conhecimento adequado das condições objetivas, nem 😊 de uma determinação mecânica de causas, mostrando-se objetivamente ajustadas à situação (BOURDIEU, 2004a, p.23).

O habitus é ajustado à situação justamente 😊 porque ambos são gerados socialmente, e o espaço dos possíveis é limitado pela extensão daquele espaço social.

Um recém-chegado provavelmente não 😊 terá grande êxito em suas tomadas de decisão, uma vez que o habitus ainda não foi incorporado.

Por mais racional que 😊 seja cassino braze ação, ela pode gerar uma estratégia não totalmente adequada, uma vez que a ação não tem a razão 😊 como princípio.

Esses novos agentes passam por um período de adaptação no interior do subcampo das políticas públicas de esporte e 😊 lazer, agregando formas de agir provenientes dos campos burocráticos, político, esportivo, entre outros.

É o "senso de jogo", ou habitus, que 😊 orquestra estas ações:

A ação comandada pelo "sentido de jogo" tem toda a aparência da ação racional que representaria um observador 😊 imparcial, dotado de toda informação útil e capaz de controlá-la racionalmente.

E, no entanto, ela não tem a razão como princípio.(...

) 😊 As condições para o cálculo racional praticamente nunca são dadas na prática: o tempo é contado, a informação é limitada, 😊 etc.

E, no entanto, os agentes fazem, com muito mais frequência do que se agissem ao acaso, "a única coisa a 😊 fazer" (BOURDIEU, 2004a, p.23).

Esta incorporação da estratégia correta, não sendo nem sempre a mais racional, é permeada pelo habitus adquirido 😊 pelos agentes.

No caso do espaço onde se tomam decisões relativas às políticas públicas de esporte e lazer, o senso prático, 😊 ou habitus, parece estar bastante incorporado pelos agentes que dele fazem parte, uma vez que as decisões são tomadas dentro 😊 de uma regularidade esperada.

Porém, isso não quer dizer que a incorporação do habitus conduza a tomada de decisão mais adequada 😊 do ponto de vista do Estado como espaço da primazia do público.

O continuismo nas ações do poder público referente ao 😊 esporte e ao lazer, bem como a ótica do empirismo no desenvolvimento das ações, pode mostrar um lado negativo da 😊 incorporação do habitus sem a necessária reflexão sobre as ações.

Isso pode ser confirmado por uma agenda de pesquisas na área 😊 que dê voz aos agentes que compõe o subcampo das políticas públicas de esporte e lazer.

O conceito se situa exatamente 😊 na posição de intermediador entre o agente, os grupos sociais e o campo, sendo portanto diferenciado e diferenciador, produto e 😊 produtor, fruto das relações e construções dos agentes.

Parece-nos ser adequado focar as atenções das pesquisas em políticas públicas de esporte 😊 e lazer nesse ponto, onde se engendrar e se efetivam as ações, fruto das tomadas de decisões dos agentes.

Construir a 😊 noção de habitus como sistema de esquemas adquiridos que funciona ao nível prático como categorias de percepção e apreciação, ou 😊 como princípios de classificação e simultaneamente como princípios organizadores da ação, significava construir o agente social na cassino braze verdade de 😊 operador prático de construção de objetos (BOURDIEU, 2004a, p.26).

As posições dos agentes no interior do campo ou subcampo, por cassino braze 😊 vez, estão diretamente relacionadas à posse do capital.

O espaço social é construído de tal modo que os agentes ou os 😊 grupos são aí distribuídos em função de cassino braze posição nas distribuições estatísticas de acordo com os dois princípios de diferenciação 😊 [...

] - o capital econômico e o capital cultural.

(BOURDIEU, 2007b, p.19).

O capital - que pode existir no estado objetivado, em 😊 forma de propriedades materiais (econômico) ou, no caso do capital cultural, no estado incorporado, e que pode ser juridicamente garantido, 😊 assim como outras formas de capital, - representa um poder sobre o campo (num dado momento) e, mais precisamente, sobre 😊 o produto acumulado do trabalho passado (em particular sobre o conjunto dos instrumentos de produção) (BOURDIEU, 2004b).

As espécies de capital, 😊 a maneira dos trunfos num jogo, são os poderes que definem as probabilidades de ganho num campo determinado (a cada 😊 campo ou subcampo corresponde uma espécie de capital particular, que ocorre como poder e como coisa em jogo, neste campo), 😊 contribuindo deste modo para determinar a posição no espaço social (BOURDIEU, 2004b).

Outras formas de capital (social, político, esportivo) podem ser 😊 tão ou mais importantes que o capital econômico e cultural, de acordo com o espaço social e o objeto em 😊 disputa, que se somam enquanto capital global do agente.

Porém, de maneira geral,

No espaço social, os agentes são distribuídos, na primeira 😊 dimensão, de acordo com o volume global de capital (desses dois tipos diferentes) que possuam e, na segunda dimensão, de 😊 acordo com a estrutura de seu capital, isto é, de acordo com o peso relativo dos diferentes tipos de capital, 😊 econômico e cultural, no volume global de seu capital (BOURDIEU, 2007b, p.19)

Essas considerações se aplicam aos vários espaços sociais, onde 😊 o posicionamento dos agentes e, consequentemente, suas tomadas de decisão estão relacionadas à posse global de capital, bem como à 😊 posse relativa de capital pertinente aquele campo.

No caso das políticas públicas de esporte e lazer, podemos destacar que, muitas vezes, 😊 a posse de algumas variedades de capital, especialmente o capital social, político, e esportivo, por vezes se sobrepõe ao capital 😊 cultural específico na configuração do subcampo.

Deste modo, é perfeitamente compreensível o fato de ex-atletas, gestores políticos e dirigentes esportivos ocuparem 😊 os cargos reservados à formulação e implementação de políticas públicas de esporte e lazer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção científica sobre políticas públicas 😊 de esporte e lazer no Brasil atualmente se ramifica em duas perspectivas principais.

De um lado da balança, temos o olhar 😊 marxista que privilegia as condições macroestruturais da sociedade e como as mesmas atingem as políticas de esporte e lazer.

De outro, 😊 temos a exposição de relatos ou dados empíricos que não estabelecem um diálogo mais efetivo e consistente com as teorias.

Como 😊 alternativa a esse embate, procuramos apresentar no presente artigo a possibilidade da apropriação de alguns conceitos de Bourdieu, como noções 😊 operatórias e operantes de análise para estudar a área.

Em síntese, percebemos que a arquitetura teórica trabalhada pelo autor nos possibilita 😊 estudar as políticas públicas de esporte e lazer contemplando tanto a filosofia da estrutura social quanto a filosofia das experiências 😊 primeiras dos agentes.

Além disso, a abordagem de Bourdieu conserva como imperativo o fato de considerar que todas as sociedades se 😊 apresentam como espaços sociais, isto é, enquanto estruturas diferenciadas e diferenciadoras que não podemos compreender verdadeiramente a não ser construindo 😊 o princípio gerador que funda estas diferenças na objetividade.(BOURDIEU, 2007c).

Princípio que, inclusive, é o da estrutura da distribuição das formas 😊 de poder ou dos tipos de capital que circulam no universo social considerado - e que variam, portanto, de acordo 😊 com os lugares e os momentos.

Acresça-se em última instância a essa análise, que a posição ocupada no espaço social, isto 😊 é, na estrutura de distribuição dos diferentes tipos de capital, comanda as representações desse espaço e as tomadas de posição 😊 nas lutas para conservá-lo ou transformá-lo, ou seja, de acordo com a posição dominante ou dominada que se situam os 😊 agentes no interior do campo.(BOURDIEU, 2007b).

Pensadas por essa ótica, as políticas públicas constituem-se como lócus sociais de investimento dos agentes 😊 no intuito de atrair um lucro de distinção material e simbólica às suas posições objetivas.

Dadas essas considerações abrangidas, tendemos a 😊 acreditar que a sociologia reflexiva dos campos de Pierre Bourdieu, pautada na relação de cumplicidade ontológica entre as estruturas objetivas 😊 e as estruturas incorporadas, constituiu uma interessante possibilidade teórico-metodológica para subsidiar a leitura das políticas públicas de esporte e lazer 😊 no Brasil, no sentido de avançar na apreensão e interpretação dos fênomenos sociais, bem como na amplitude e contingência dos 😊 processos políticos.

Recebido em: 27 abr.2010

Aprovado em: 24 ago.2010

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The Mega-Sena is the largest lottery in Brazil, organised by the Caixa Econmica Federal bank since March 1996.
Mega-Sena - Wikipedia
en.wikipedia : wiki : Mega-Sena
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(crédito: Reprodução/Loterias Caixa)

A Caixa Econômica Federal

sorteou, na noite desta quinta-feira (2/6), seis loterias: os concursos 5869 da Quina;

o 🍌 2537 da Lotofácil; o 2374 da Dupla Sena; o 1791 da Timemania; o 2487 da Mega-Sena e o

612 do 🍌 Dia de Sorte. O sorteio foi realizado no Espaço Caixa Loterias, no novo Espaço

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consecutivas (também conhecidas como 'fusão'), e 🍊 um par é dois distanteluência compr

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